domingo, 18 de maio de 2008

10 desenvolve projeto de leitura e escrita com crianças
de pré-escola que não sabem ler e escrever convencionalmente
ditado e verificou que muitos já usavam
letras. Outros, porém, as misturavam com
desenhos e símbolos. Ambos os grupos
estavam na fase pré-silábica, em que letras
diferentes são grafadas sem critério.
Ela selecionou cinco diferentes versões
de A Pequena Sereia para usar nas rodas
de leitura. A variedade mostrou à turma
que uma história pode inspirar vários
desfechos e conter particularidades e que
cada autor tem uma maneira de escrever.
Ela iniciou as seções pelo texto mais simples
e, à medida que as tramas se tornavam
complexas, ampliava-se a quantidade
de informações sobre as características
dos personagens e dos ambientes em que
eles viviam. Esses dados foram organizados
em uma tabela. “A sistematização foi
fundamental para que todos conhecessem
os enredos e identificassem as partes
comuns”, justifica Fátima.
Produção e revisão
Quando as crianças estavam dominando
as aventuras da sereiazinha Ariel e seus
amigos, a professora montou três grupos
de trabalho com base no nível de aprendizagem.
Como a meta era desenvolver a
escrita, ela juntou quem usava letras com
os que ainda se valiam de símbolos e teve
o cuidado de colocar lado a lado os narradores
mais desenvoltos com os que conheciam
muito bem os detalhes das histórias.
Dessa forma, Fátima seguiu as
orientações que a pesquisadora Ana Teberosky
faz em seu livro Aprendendo a
Escrever: “Quando a realização em grupo
é estimulada, o processo individual de
aprendizagem é enriquecido pela colaboração,
distribuição, negociação e discussão
das tarefas”.
Autores de textos
O desafio foi descrever os personagens e
os cenários, detalhar passagens marcantes
e imaginar diferentes finais para a narrativa.
Com os desfechos criados, foi hora
de ditar as idéias para os adultos que serviriam
de escribas. Outra professora e a
coordenadora pedagógica ajudaram Fátima
nesse momento. Assim o projeto estimulou
os pequenos a se sentirem autores
e a terem noções sobre a escrita.
Os textos foram transcritos em papel
craft, com letras grandes para a revisão
coletiva. “Expliquei que para o texto f luir
era preciso de vez em quando substituir
a palavra sereia, muito repetida, pelo nome
dela ou por um pronome, como ‘ela’.”
Os pequenos também queriam demonstrar
os conhecimentos sobre os animais
marinhos, já que tinham sido objeto de
uma pesquisa recente. “Como eram muitos
bichos, aproveitei para ensinar a usar
‘etc’.” As correções foram feitas no próprio
cartaz com setas e riscos. Muitas
CRISTIANE MARANGON, de Itajubá, MG novaescola@atleitor.com.br
Sala de aula
Linguagem

2 comentários:

Amanda Lara disse...

Ambiente Alfabetizador para Ana Teberosky É aquele em que há uma cultura letrada, com livros, textos digitais ou em papel , um mundo de escritos que circulam socialmente. A comunidade que usa a todo momento esses escritos, que faz circular as idéias que eles contêm, é chamada alfabetizadora.
Formar grupos menores para as crianças terem mais oportunidade de falar e ler para elas são estratégias fundamentais! É preciso compartilhar com a turma as características dos personagens, comentar e fazer com que todos falem sobre a história, pedir aos pequenos para recordar o enredo, elaborar questões e deixar que eles exponham as dúvidas. Se nos 200 dias letivos o professor das primeiras séries trabalhar um livro por semana, a classe terá tido contato com 35 ou 40 obras ao final de um ano.
É possível alfabetizar em classes numerosas?

Ana Teberosky - Depende da quantidade de alunos. Em quatro horas de aula por dia com 40 crianças, é muito difícil e eu não saberia como fazer... Seria melhor se cada sala tivesse 20, 25. Em Barcelona, estamos experimentando os agrupamentos flexíveis, que misturam grupos de diferentes níveis, com 12 estudantes e com três ou quatro professores à disposição para orientação. Existem algumas possibilidades desde que haja contribuição da gestão pública.

(http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0187/aberto/mt_102020.shtml)

Amanda Lara disse...

Como ensinar melhor, então?

Telma Weisz: No caso específico da alfabetização, Emilia Ferreiro mostrou como todos nós damos os primeiros passos no mundo da escrita e como as idéias vão sendo progressivamente transformadas pelo próprio esforço de entender esse sistema. Ela provou que o conhecimento é construído. Sabendo disso, o professor deve observar os trabalhos de seus alunos e entender em que momento do processo cada um está. Só assim será possível oferecer o ensinamento correto. A alfabetização tradicional não leva em conta o conhecimento que cada criança domina. Trata todas como iguais e ocas, um vazio a ser preenchido.
(http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0129/aberto/mt_248894.shtml)